A vez da periferia
Projeto incentiva jovens a registrar o lugar onde vivem usando foto e vídeo
Agência BOM DIA
Carla de Campos
O estudante Luiz Gustavo da Silva tem 13 anos e já sabe o que vai ser quando crescer: fotógrafo. Ele decidiu que quer registrar o mundo das celebridades. Enquanto este dia não chega, Luiz treina o ofício captando pessoas, cenas e lugares do Parque das Laranjeiras, bairro onde mora, na zona norte de Sorocaba.
A carreira profissional foi definida e incentivada em sua participação nas oficinas de fotografia do projeto Vozes Periféricas, idealizado pelo produtor cultural Werinton Kermes.
O projeto teve início na segunda-feira, no Parque das Laranjeiras, com a proposta de desenvolvimento humano proporcionado pela produção cultural.A iniciativa mobiliza os jovens, incentivando a redescobrir o lugar em que vivem.
Nesta semana o bairro ganhou um olhar diferenciado na linguagem de foto e vídeo. Atrás das câmeras, jovens moradores do bairro, como Luiz Gustavo.
O professor de fotografia Rafael Pieroni ficou surpreso com o entusiasmo dos alunos em aprender e se expressar pelo novo formato. “As crianças não têm um olhar condicionado e parâmetros pré-estabelecidos.
Eles olham de forma diferente”, aponta.
Nesta quinta (22), o aposentado Edgar Gonçalves da Silva, 74, que mora no bairro há 33 anos, foi o entrevistado da oficina de vídeo. “Quando eu vim para cá era só mato. Tinha tatu, lagarto”, lembra.
Em seu depoimento, ele revela todo o amor ao bairro. “Daqui só saio para o cemitério. Aqui foi onde comecei a minha vida”.
Ministério da Cultura incentiva
Apresentar novas linguagem de áudio, foto e vídeo para os jovens da periferia é a principal iniciativa. “A ideia é que a própria comunidade se valorize e que os jovens se descubram”, explica Werinton Kermes.
As histórias humanas, o comportamento e o modo de viver são subsídios para as produções do Vozes Periféricas, que vão se estender a seis bairros de Sorocaba, dois de Votorantim e um de Piedade.
O projeto conta com a participação efetiva do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, que inscreveu a proposta no Ministério da Cultura.
O Vozes tem duração de três anos e deve receber verba de R$ 180 divididos em três etapas.
Além da compra de um ônibus que será transformado em estúdio, a ideia é produzir um livro de fotos.
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